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Memórias do Front: O B-24 Bad Girl e o projeto Azon

O objetivo deste blog é resgatar, através de artigos, histórias de pessoas que se envolveram no maior conflito da História - A Segunda Guerra Mundial - e que permaneceram anônimas ao longo destes 63 anos. O passo inicial de todo artigo publicado é um item de minha coleção, sobretudo do acervo iconográfico, a qual mantenho em pesquisa e atualização. Os textos originados são inéditos bem como a pesquisa que empreendo sobre cada imagem para elucidar a participação destes indivíduos na Guerra.

terça-feira, 8 de abril de 2008

O B-24 Bad Girl e o projeto Azon

Em 1944 a AAF colocou em ação o Projeto Azon, destinado aos bombardeios da 8ª AAF estacionados na Inglaterra. O projeto consistia no uso de uma nova bomba de 1000 libras que podia ser lançada à cerca de 15.000 pés de altitude e seria controlada por sinais de rádio. De todas as missões realizadas pelo Projeto Azon, apenas sete foram consideradas bem sucedidas. De qualquer forma, a bomba Azon é considerada a mãe das bombas inteligentes utilizadas hoje pelas forças armadas dos EUA.

Para isso, dez tripulações foram treinadas e dez aviões B24 receberam adaptações para poder acomodar os comandos de quatro bombas Azon que cada B24 poderia carregar, devido seu tamanho. Estas tripulações e os aviões estavam a caminho do Teatro de Operações do Pacífico quando receberam ordem de retornar e se encaminhar a Inglaterra. A nova bomba experimental seria utilizada em preparação ao Dia D, principalmente na necessidade dos bombardeios de precisão a pontes, portos e pátios ferroviários. Portanto, durante o mês de maio de 1944 as tripulações, ligadas ao 458º Grupo de Bombardeio na Inglaterra – 753º Esquadrão, seguiram treinando para se adaptar as condições climáticas do teatro Europeu.

Em setembro de 1944 o projeto foi encerrado. Dos dez aviões, sete acabaram envolvidos em acidentes e algumas tripulações foram desligas antes do término do projeto por completar o número de missões necessário ara o retorno ao lar.

A bomba Azon poderia ter sua trajetória alterada por sinais de rádio emitidos pelo bombardeador do avião. Seu complexo sistema permitia isso graças ao rádio que possuía em seu interior alimentado por uma bateria de curta duração. Cada bomba, ao ser lançada, lançava uma fumaça colorida para que seu trajeto pudesse ser acompanhado pelo bombardeador. Além disso, a bomba possuía um fusível de tempo, que não permitia que a bomba caísse em mãos inimigas sem explodir.

Para controlá-la, cada aeronave possuía três antenas de rádio sob a cauda que transmitiam em freqüências diferentes a fim de controlar a trajetória da bomba para a esquerda ou para a direita. As três freqüências eram alteradas periodicamente para que o inimigo não pudesse interferir nos sinais.

Na Europa o Major Robert K. Holbrook esteve a cargo do Projeto e seu assistente foi o Tenente M. David Baltimore. O criador da bomba foi o Major Henry J. Rand que acompanhava as missões a fim de avaliar a atuação das bombas.

Dentre os dez aviões especialmente adaptados para carregar as bombas Azon e seu controle, o B24 Bad Girl foi um deles. Fabricado em 1944, este avião acomodou diversas tripulações durante o período do projeto, realizando 5 missões do Projeto Azon e 16 missões de bombardeio comum antes de se acidentar em 2 de outubro de 1944 em uma missão de treinamento na Inglaterra.


Em 31 de maio de 1944 era realizada a primeira missão dentro do projeto Azon com a participação do B24 Bad Girl. Nesta ocasião, o piloto era o Ten DeNeffe que realizava sua 25º missão e foram despachados cinco aviões para a tarefa. Apenas 1 deles abortou a missão por problemas técnicos; os outros a completaram. Como apoio foram destacados 48 aeronaves P51 para escoltar os bombardeiros B24, além de 16 aviões bombardeiros carregados com bombas comuns para dar apoio ao ataque. O alvo escolhido foi um conjunto de 5 pontes na França e a duração da missão foi estimada em seis horas.

O resultado dos bombardeios não foi satisfatório. O primeiro alvo, a ponte de Melun, foi atacada por apenas 3 aviões e as duas bombas lançadas caíram a nordeste do rio. Sucessivamente os alvos foram sendo atacados, mas o mau tempo não permitiu a precisão do bombardeio. Não foram registrados ataques de aviões inimigos durante a operação e o FLAK foi fraco e impreciso sobre os alvos. A baixa nebulosidade e o acumulo de nuvens tornou a missão difícil e alterou a precisão dos navegadores.

A foto que ilustra este artigo é da tripulação do Ten DeNeffe em 31 de maio de 1944. Ela foi tirada após o retorno da missão pelos fotógrafos da Força Aérea Americana. [1]

O projeto Azon foi suspenso em setembro de 1944 dada a falta de resultados positivos durante as 16 missões realizadas. Parte da falta de precisão de bombardeio foi ligada a má compreensão dos bombardeadores dos aviões em relação ao funcionamento da bomba. Por outro lado a precisão de resultados necessitava de muitos fatores positivos no momento de bombardeio como bom tempo, por exemplo, além de pouco acumulo de nuvens pois os aviões destinados ao projeto deveriam voar em altitude maior para soltar as bombas.



O Bad Girl passa a ser utilizado em missões de bombardeio comum junto ao 753º Esquadrão de Bombardeio entre julho e setembro. Em 2 de outubro o Bad Girl, número serial 44-40288, encerra sua atuação na guerra: cai durante um treinamento sem vítimas na Inglaterra e é retirado de operação.


[1] National Archives USA - NARA. Cópia na coleção de Fernanda Nascimento. Imagem inédita.

4 comentários:

Prof. Wilson de Oliveira Neto disse...

Prezada Fernanda.

Novamente, parabéns pelo texto! Gostei muito do assunto, o qual era, até então, para mim desconhecido. Um abraço e aguardo novidades.

Fernanda de S. Nascimento disse...

Wilson! Muito obrigada. :-)

Anônimo disse...

Eu gosto muito de 2ª Guerra e seus textos aqui são muito claros e ricos em informação, o que me levou a gostar mais ainda sobre o assunto . Meus parabéns Fernanda .

Fernanda de S. Nascimento disse...

Muito obrigada pelas palavras Centauro! Fico feliz que tenha gostado do Blog. Acompanhe, pois muitos artigos ainda virão.
Abraços,
Fernanda