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Memórias do Front: O P-51 chega ao teatro Europeu

O objetivo deste blog é resgatar, através de artigos, histórias de pessoas que se envolveram no maior conflito da História - A Segunda Guerra Mundial - e que permaneceram anônimas ao longo destes 63 anos. O passo inicial de todo artigo publicado é um item de minha coleção, sobretudo do acervo iconográfico, a qual mantenho em pesquisa e atualização. Os textos originados são inéditos bem como a pesquisa que empreendo sobre cada imagem para elucidar a participação destes indivíduos na Guerra.

terça-feira, 15 de abril de 2008

O P-51 chega ao teatro Europeu

Durante as campanhas de bombardeio efetuadas pela AAF entre 42 e o final do ano de 1943 prevaleceu um grande problema: a falta de autonomia dos caças de apoio para que pudessem acompanhar as Fortalezas e os Liberators até o coração da Alemanha nazista. O problema só seria resolvido nos últimos meses do ano de 1943, com a chegada do caça P-51 Mustang ao Teatro de Operações Europeu.

A falta de um caça apropriado para a escolta dos aviões de bombardeio pesado estava sob a teoria de que as Fortalezas e os Liberators eram aviões auto-defensáveis. Ora, equipados com 10 metralhadoras – caso do B-24 – e 13 metralhadoras Browning .50 – caso do B-17 -, acreditava-se que estes aviões eram verdadeiras fortalezas aéreas. As primeiras missões, ainda no ano de 1942, chegaram a contar com participação nula de caças de escolta. Mas durante o ano de 1943 e as paulatinas penetrações em território alemão, a realidade do bombardeiro auto-defensivo caiu por terra. Ante os ataques incansáveis dos Me-110 e Fw-190 da Luftwaffe, as pesadas fortalezas não puderam manter o prumo.

Para tentar amenizar o problema durante a primavera de 1943 fizeram-se experiências com tanques de combustíveis descartáveis acoplados as asas dos aviões P-47 a fim de aumentar seu alcance de vôo. Mas os tanques, feitos de material inadequado e altamente inflamável, tornaram os caças presa fácil dos aviões da Luftwaffe e logo este recurso foi sendo abandonado. Apenas em meados de 44 surgem na Inglaterra tanques adequados, mas então o P-51 já dominava os céus.

A guerra aérea prosseguia e após o chamado Verão Sangrento – entre junho e julho de 1943 quando a Oitava Força Aérea perdeu alto número de aviões – os aviadores foram vitimas de mais uma vitória aérea da Luftwaffe: entre 8 e 14 de outubro de 1943 foram derrubados 148 bombardeiros com a perda de quase 1500 tripulantes. A partir deste momento tornou-se inadiável a necessidade de um caça que superasse o raio de ação do P-47. Este panorama motivou o andamento do projeto, definido a partir de então como alta prioridade, do desenvolvimento do P-51.

Inicialmente o P-51 não havia sido desenvolvido para a função de caça de escolta. Os primeiros exemplares que chegaram à Inglaterra destinavam-se ao reconhecimento aéreo de alvos e funções meteorológicas. A resposta para isso é simples: a industria americana estava dando prioridade ao bombardeio pesado e todos os aviões produzidos deveriam seguir uma lista de prioridades. E a escolta, até os desastrosos ataques de Schweinfurt, não era efetivamente uma prioridade.

Foi apenas em outubro de 1943, após o segundo ataque a Schweinfurt, que o comando da Força Aérea assegura que, dali em diante, a função do P-51 não mais seria de reconhecimento, e sim escolta as missões de bombardeio. O advento do novo caça era uma esperança a mais para centenas de tripulações que seguiam, dia após dia inexoravelmente, rumo aos territórios ocupados.

As imagens utilizadas neste artigo foram tiradas em 18 de outubro de 1943 na base de Renfrew, na Escócia, quando uma leva de aviões P-51 vindos diretamente dos EUA chegam para serem utilizados no Teatro Europeu.[1] Estes aviões fazem parte, provavelmente, de um lote de 180 aeronaves que foram despachadas para a Inglaterra a fim de servir como escolta de bombardeios. Outros 333 aviões foram enviados para a função de reconhecimento. Parte destes aviões foi desviada, por ordem do General Henry Harley Arnold, Comandante da AAF, para as bases de caças.

Equipado com quatro metralhadoras .50, duas em cada asa – os novos modelos já vinham com 6 metralhadoras, três em cada asa – o P-51 atingia a velocidade máxima de 700km/h (variando normalmente entre 600km/h ao nível do mar e 690 em alta altitude). Podendo subir até a altitude de 12.500m, estes caças voavam acima das formações de bombardeiros para interceptar os caças da Luftwaffe com maior eficácia. Seu raio de ação era de 4.560km e com a adição de tanques extras, poderia ser estendido até 6.000 metros.



O advento do P-51 colocava a própria política de pesquisas da Luftwaffe em jogo: Adolf Galland, general da Luftwaffe, desde que pilotara o protótipo do Me 262 insistia em seu desenvolvimento para que a aviação de caça alemã pudesse superar as investidas inglesas e americanas contra a Alemanha. Após as severas perdas de outubro de 1943, Galland estava convicto de que os americanos retornariam a Alemanha, mas não sem antes possuir a companhia de um avião de longo alcance.

Por outro lado, Hitler não aceitava guerrear na defensiva e quando o Me 262 lhe foi apresentado, insistiu para que ele fosse adaptado para a função de bombardeio. Ora, se os alemães tivessem levado adiante as pesquisas do Me 262, talvez a guerra teria tomado outro rumo. Mas os americanos – mesmo com um motor a hélice – fizeram a diferença e inudaram os céus da Europa com o P-51. Em meados de 1944 os P-51 já eram vistos sob o céu de Berlim acompanhando os bombardeios em suas investidas diárias. reza a lenda que Göering teria dito que a “guerra estava perdida” ao ver os aviões sobrevoando Berlim.

O fato é que no verão de 1944 praticamente todos os comandos de bombardeio da Europa estavam equipados com esquadrões de P-51 capazes de escoltar os bombardeiros por todo o trajeto da missão. Muitos historiadores norte-americanos acreditam que foi graças ao advento do P-51 que a campanha de bombardeio estratégico teve continuidade – sem ele, as missões estariam fadadas a não mais entrar em território alemão, a não ser a custa de vários aparelhos e centenas de homens.

A conseqüência da campanha de bombardeiro estratégico durante o ano de 1944 foi privar a Alemanha principalmente de combustível – com a falta dele a Luftwaffe era principal perdedora, pois não podia treinar novos pilotos nem colocar seus aviões no ar. É assim que, após a chegada do P-51 aos céus da Europa e a intensificação da política de bombardeio estratégico, que a Luftwaffe está praticamente derrotada antes mesmo do final do ano de 1944.



[1] National Archives USA - NARA. Cópia na coleção de Fernanda Nascimento. Imagem inédita.

VEJA TAMBÉM

>> SKY TRAMP: um bombardeiro pesado no Pacífico.
>> A Infantaria na Fortaleza de Brest: A primeira batalha da ofensiva de 41.
>> O B-24 Bad Girl e o projeto Azon

11 comentários:

Raphael Oliveira disse...

Olá fernanda...meu nome é Raphael Oliveira e venho lhe parabenizar pelo Blog...sou um apaixonado por história e também por música...por isso tenho o meu Podcast www.poddiola.mypodcast.com

trata de músicas antigas!

é tipo um programa de rádio... e no meu programa tem uma seção de dicas da internet e no ultimo programa citei o seu blog Memorias do Front que é muito interessante...divulguei sem sua permissão mas já foi e divulgação nunca é D+...se puder dar uma divulgada no Poddiola eu agradeço...PARABÈNS PELO SITE!

Fernanda de S. Nascimento disse...

Olá Raphael! Muito obrigada pelo seu comentário. Também gosto bastante de música, sobretudo entre as décadas de 40 e 60. Obrigada pela divulgação. Vou colocar o link do seu site aqui também. Abraços!

Galdino Neto disse...

O Brasil teve também P 51?

Anônimo disse...

:-)

Unknown disse...

Ola Fernanda.

Bom um belo artigo sobre o P 51, mas contem alguns erros, pois o P 51 jamais atingiu 785kmh .... nem mesmo os TwinMustangs.

Outro fator foi que em 1944 a Lw ja estava sem pilotos de grande experiencia e o treinamento dos alemaes ja estava mto ruim....
Caças como Fw 190 D9 e Bf 109 G 10 , e K4 ,o ultimo era superior ao P51 , faziam frente , tanto que o comando de caças americano instruia seus piloto so enfrentarem o D 9
em caso de superioridade numerica!
Gostaria de ver alguns artigos sobre os alemaes tb.
Parabens pelo blog

Unknown disse...

Fernanda,

O Leonardo em parte tem razão, muito embora a superioridade numérica Aliada fosse muito superior a Alemã. Esse foi o verdadeiro diferencial. Mesmo sem escolta apropriada, os B-17 acabaram com as fábricas alemãs.

Fernanda de S. Nascimento disse...

Leonardo e Cesar, muito obrigada pelos comentários. Irei corrigir o pequeno erro sobre a velocidade do P-51. De fato, a fonte que consultei me indicou esta velocidade. Mas com o toque, acabei recolhendo mais informações e percebendo o erro.

Cesar, de fato, podemos listar uma série de questões detrminantes para a queda do poder da Luftawaffe. Certamente que cada fator, individual ou em conjunto, foi determinante para o caso.

Em breve, alguns artigos sobre o lado alemão.

Mais uma vez, grata pelos comentários!
Abraços,
Fernanda

le avieteur disse...

parabéns pelo artigo. o P51 depois do F4u corsair é o meu caça preferido. como diz o menino no final do belissimo imperio do sol: P51 cadillac of skys

Fernanda de S. Nascimento disse...

Dino,
Estive pesquisando estes dias e não encontrei referencias que o Brasil tenha recebido aviões P-51.

Grata a todos pelos comentários.

Abraços,
Fernanda

elis disse...

oi eu me chamo elis regima,eu quero abrir um saite que fala sobre os pracinhas, so que eu queria mas detales sobre eles, fotos , listas de nomes, algo assim , os pracinhas foram grandes erois,eu quero de alguma forma prestar uma homenagem a esses herois anonimos ,se vc tiver e poder me enviar eu agradesso. enviar para elisreginaguedesrk@hotmail.com, ou me indicar quem tem ,abraso.ha e parabens peço site.

ricardo disse...

muito bom seu blog parabens é muito exato,sempre que preciso de uma consulta esbarro na wikipedia porem em geral acabo por ver gafes gravissimas na wikipedia.por exemplo sobre o memphis belle o b-17 afirmaram que era uma g transformada em f,o que é mentira pois era mesmo uma f ..depois comentase que a base utilizada na inglaterra era uma qualquer em lincolshire..a base do belle era mesmo em lincolnshire pois no documentario original de weller aparecia o castelo ao fundo e no filme o mesmo apoareçe enquanto a personagem danny recitava wb yeats..porem realmente os mustsangs não escoltaram o belle ele chegaram em outubro de 43 e o belle encerrou em maio do mesmo ano..