A foto ao lado ilustra um alegre momento da tripulação do B-17 Ooold Soljer em 28 de março de 1943. Os registros do 360º Esquadrão indicam que, naquele dia, a tripulação havia voado até Rouen, França e sua missão tinha como alvo o pátio ferroviário da cidade. Foram despachados 18 aviões bombardeiros naquela manhã e a missão teve duração de 4 horas e 10 minutos. O piloto do Ooold Soljer Capitão Lewis E. Lyle liderou a missão.[1] Na foto pode se observar, na primeira fila da esquerda para a direta: o 1º Ten. G.V. Stallings (observador), o 1º Ten K.O. Bartlett (Co-piloto), o Captitão L.E. Lyle (Piloto), os tenentes M.S. Fonorow (Bombardeador), S.H. Anderson (Navegador), e o Capitão P.C. Young (observador). Na segunda fila, da esquerda para a direita, os sargentos C.S. Bolcombe (Radio operador), G.K. Smith (Engenheiro), F.A. Hartung (artilheiro) T. McGriffin (artilheiro de cauda), E.A. Bradford (artilheiro), R.H. Sangster (artilheiro), W.W. Smith (artilheiro).
No início de 1942 o então Ten. Lyle se destaca como piloto e toma parte na formação original de homens do 303º Grupo que embarca para a Inglaterra em outubro de 1942. As tripulações recebem uma espécie de prêmio: dias antes de sua partida para a Inglaterra o grupo recebe 35 aviões B-17 recém saídos de fabricada. Sua missão é atravessar o Atlântico com os aviões. Em troca as tripulações recebem o direito de dar um nome e um atributo aos aviões. Essa situação faz com que as tripulações se apeguem fortemente com os aviões, já que estes possuem um traço individualizado da tripulação. Lyle e sua tripulação recebem o B-17 número 42-24559 e o batizam de Ooold Soljer. Sua nose art é inspirada em um desenho da Disney que retrata o cão Pluto no exército. [2]
O grupo parte dos EUA entre 3 e 13 de outubro de 1942. Ao final do mês de outubro o grupo já está completo na Inglaterra e sua primeira missão será realizada em 16 de novembro de 1942. Naquela época os EUA possuíam apenas 4 grupos de bombardeiros B-17 e dois grupos de bombardeiros B-24, totalizando uma média de 95 bombardeiros para atuar contra a ocupação nazista nos territórios da França, Bélgica e Holanda.
Como piloto, Lyle voou três tours de combate durante toda a guerra alcançando um total de 69 missões de combate. Ao final da guerra Lyle já havia alcançado o posto de Tenente Coronel e liderava o 41º Comando de Bombardeiro. Sua sorte havia sido lançada na manhã de 31 de março de 1943: desde que havia chegado na Europa, o então Capitão Lyle havia voado a maior parte das missões no B-17 Ooold Soljer. O próprio Lyle havia trazido o avião dos EUA no começo de 1942, realizando a travessia do oceano Atlântico. Para a missão de 31 de março de 1943 Lyle não foi escalado. Sua tripulação e o Ooold Soljer seriam liderados pelo 1º Tenente Keith O. Bartlett, um aviador que, desde a chegada na Inglaterra, havia participado de missões de combate junto com o então Capitão Lyle.
Keith era co-piloto de Lyle e havia sido elevado a piloto em 22 de março de 1943. Realizaria em 31 de março sua primeira missão como piloto e deveria levar o B-17 Ooold Soljer e sua tripulação até Rotterdam onde deveriam bombardear os estaleiros da cidade. Infelizmente o avião não chegaria a deixar a Inglaterra: o Ooold Soljer colidiu com outro avião enquanto entravam em formação.
Aqueles homens eram a elite da aviação americana no ano de 1943. Seu treinamento havia sido feito com o maior rigor possível: enquanto os primeiros grupos partiram para a Inglaterra em maio de 1942, os homens do 303º Grupo de Bombardeiro só obtiveram razoável desempenho no segundo semestre de 1942. Ainda nos EUA, os pilotos e as tripulações eram submetidos a toda a sorte de treinos. Não apenas era escasso o número de aviões para treinamento como também o número de homens treinados. Originalmente, partiram dos EUA com Lyle 1º Ten. Keith O. Bartlett (KIA), Capitão Paul G. Moore, 2 º Ten. Anton H. Haas, os Sargentos Gene K. Smith (KIA), Edward R. Bradford (KIA), Woodrow W. Smith (KIA), Clayton S. Balcombe (INJ/B/O) e Robert A. Sangster (KIA).[3] Ao final da guerra, dos 9 homens da tripulação original, apenas quatro a terminaram vivos.
Ainda em 1942, no mês de dezembro o Ooold Soljer e parte de sua tripulação, incluindo o agora Capitão Lyle, transportam o staff do general Eaker até a conferência de Casablanca, na África. Lyle nesta época se destaca pela liderança e pela pericia como piloto. Ao final de 1942 Lyle é promovido a Oficial Comandante do seu esquadrão, o 360º.
Naquela manhã do dia 31 de março de 1943 os aviões iniciaram a decolagem às 9h35min. A formação de nuvens era cerrada e não propiciava uma visão completa do céu. Por volta das 10h26min aproxima-se da base um B-17 pilotado pelo Capt. Shayler informando que perdeu o contato com a formação de aviões por conta da alta densidade de nuvens. O mesmo capitão reportou também uma colisão de dois B-17 no ar. Mais tarde estes aviões foram identificados como o B-17 Ooold Soljer e o B-17 Two Beauts. Os dois aviões colidiram próximos a localidade de Wellingboro. A colisão arrancou a asa direita do Ooold Soljer e lançou a sorte do Two Beauts que realizava sua quarta missão de combate. Dos 10 membros da tripulação do Ooold Soljer apenas dois conseguiram pular do avião antes que ele colidisse com o chão.[4] Os outros tripulantes morreram. Do outro avião, o Two BEAUTS, três homens saltaram. Esta foi a primeira colisão no ar da 8ª Força Aérea Americana; mas não seria a última.
Mesmo não voando aquela missão Lyle sofreu um duro golpe: cinco membros que morreram no acidente haviam voado desde a primeira missão com Lyle, incluindo o próprio piloto Ten. Barlett. Os dois membros que conseguiram saltar do avião foram o sargento Tom McGiffin e o sargento Clayton Balcombe que sofreu sérios ferimentos. Devido ao seu estado de nervos o Sgt. McGiffin foi retirado de ação após realização de missão subseqüente, em 4 de abril de 1943, três dias após saltar do Ooold Soljer em pedaços. O Sgt. Balcombe retornou ao trabalho após se recuperar de seus ferimentos em 6 de junho de 1944. Realizou ainda 12 missões de combate completando um tour de 30 missões em 23 de junho de 1944.
Lewis Lyle, agora sem tripulação, foi promovido a Major. Passou o resto da guerra assumindo posições de grande responsabilidade e voou muitas missões como piloto de outras tripulações. Recebeu a Cruz de Serviços Distintos da Aviação em 1943 e quando não estava em vôo liderando as missões de combate, Lyle estava treinando os homens de seu esquadrão para que pudessem realizar suas missões com o menor número possível de erros.[5]
O B-17 Ooold Soljer foi um dos tantos aviões perdidos em situação lamentável durante a II Guerra Mundial. Em uma época de poucos progressos técnicos em comparação com os dias atuais em relação à aeronáutica, os homens que voaram estes aviões durante a guerra foram verdadeiros heróis. A maior parte deles jamais haviam entrado em um avião e grande parte eram homens vindos da zona rural americana. Em poucos meses transformaram-se em aviadores conscientes de seu papel e de sua especificidade: a cada dia reduziam a duração da guerra e a distância de retorno ao lar.
Em 31 de março de 1996 foi erigido em Mears Ashby, na Inglaterra, um memorial aos tripulantes do Ooold Soljer mortos na colisão e aos tripulantes do B-17 Two Beauts. A placa relembra os tripulantes e assinala provavelmente como tenha ocorrido o choque entre os dois aviões. Os aviadores mortos estão enterrados no cemitério americano de Cambridge, na Inglaterra. Lewis Lyle como general reformado visitou os túmulos de seus colegas em junho de 2000. Lewis Lyle faleceu em 6 de abril de 2008 com 92 anos.
Memorial erguido em Mears AshbyNo início de 1942 o então Ten. Lyle se destaca como piloto e toma parte na formação original de homens do 303º Grupo que embarca para a Inglaterra em outubro de 1942. As tripulações recebem uma espécie de prêmio: dias antes de sua partida para a Inglaterra o grupo recebe 35 aviões B-17 recém saídos de fabricada. Sua missão é atravessar o Atlântico com os aviões. Em troca as tripulações recebem o direito de dar um nome e um atributo aos aviões. Essa situação faz com que as tripulações se apeguem fortemente com os aviões, já que estes possuem um traço individualizado da tripulação. Lyle e sua tripulação recebem o B-17 número 42-24559 e o batizam de Ooold Soljer. Sua nose art é inspirada em um desenho da Disney que retrata o cão Pluto no exército. [2]
O grupo parte dos EUA entre 3 e 13 de outubro de 1942. Ao final do mês de outubro o grupo já está completo na Inglaterra e sua primeira missão será realizada em 16 de novembro de 1942. Naquela época os EUA possuíam apenas 4 grupos de bombardeiros B-17 e dois grupos de bombardeiros B-24, totalizando uma média de 95 bombardeiros para atuar contra a ocupação nazista nos territórios da França, Bélgica e Holanda.
Como piloto, Lyle voou três tours de combate durante toda a guerra alcançando um total de 69 missões de combate. Ao final da guerra Lyle já havia alcançado o posto de Tenente Coronel e liderava o 41º Comando de Bombardeiro. Sua sorte havia sido lançada na manhã de 31 de março de 1943: desde que havia chegado na Europa, o então Capitão Lyle havia voado a maior parte das missões no B-17 Ooold Soljer. O próprio Lyle havia trazido o avião dos EUA no começo de 1942, realizando a travessia do oceano Atlântico. Para a missão de 31 de março de 1943 Lyle não foi escalado. Sua tripulação e o Ooold Soljer seriam liderados pelo 1º Tenente Keith O. Bartlett, um aviador que, desde a chegada na Inglaterra, havia participado de missões de combate junto com o então Capitão Lyle.
Keith era co-piloto de Lyle e havia sido elevado a piloto em 22 de março de 1943. Realizaria em 31 de março sua primeira missão como piloto e deveria levar o B-17 Ooold Soljer e sua tripulação até Rotterdam onde deveriam bombardear os estaleiros da cidade. Infelizmente o avião não chegaria a deixar a Inglaterra: o Ooold Soljer colidiu com outro avião enquanto entravam em formação.
Aqueles homens eram a elite da aviação americana no ano de 1943. Seu treinamento havia sido feito com o maior rigor possível: enquanto os primeiros grupos partiram para a Inglaterra em maio de 1942, os homens do 303º Grupo de Bombardeiro só obtiveram razoável desempenho no segundo semestre de 1942. Ainda nos EUA, os pilotos e as tripulações eram submetidos a toda a sorte de treinos. Não apenas era escasso o número de aviões para treinamento como também o número de homens treinados. Originalmente, partiram dos EUA com Lyle 1º Ten. Keith O. Bartlett (KIA), Capitão Paul G. Moore, 2 º Ten. Anton H. Haas, os Sargentos Gene K. Smith (KIA), Edward R. Bradford (KIA), Woodrow W. Smith (KIA), Clayton S. Balcombe (INJ/B/O) e Robert A. Sangster (KIA).[3] Ao final da guerra, dos 9 homens da tripulação original, apenas quatro a terminaram vivos.
Ainda em 1942, no mês de dezembro o Ooold Soljer e parte de sua tripulação, incluindo o agora Capitão Lyle, transportam o staff do general Eaker até a conferência de Casablanca, na África. Lyle nesta época se destaca pela liderança e pela pericia como piloto. Ao final de 1942 Lyle é promovido a Oficial Comandante do seu esquadrão, o 360º.
Naquela manhã do dia 31 de março de 1943 os aviões iniciaram a decolagem às 9h35min. A formação de nuvens era cerrada e não propiciava uma visão completa do céu. Por volta das 10h26min aproxima-se da base um B-17 pilotado pelo Capt. Shayler informando que perdeu o contato com a formação de aviões por conta da alta densidade de nuvens. O mesmo capitão reportou também uma colisão de dois B-17 no ar. Mais tarde estes aviões foram identificados como o B-17 Ooold Soljer e o B-17 Two Beauts. Os dois aviões colidiram próximos a localidade de Wellingboro. A colisão arrancou a asa direita do Ooold Soljer e lançou a sorte do Two Beauts que realizava sua quarta missão de combate. Dos 10 membros da tripulação do Ooold Soljer apenas dois conseguiram pular do avião antes que ele colidisse com o chão.[4] Os outros tripulantes morreram. Do outro avião, o Two BEAUTS, três homens saltaram. Esta foi a primeira colisão no ar da 8ª Força Aérea Americana; mas não seria a última.
Mesmo não voando aquela missão Lyle sofreu um duro golpe: cinco membros que morreram no acidente haviam voado desde a primeira missão com Lyle, incluindo o próprio piloto Ten. Barlett. Os dois membros que conseguiram saltar do avião foram o sargento Tom McGiffin e o sargento Clayton Balcombe que sofreu sérios ferimentos. Devido ao seu estado de nervos o Sgt. McGiffin foi retirado de ação após realização de missão subseqüente, em 4 de abril de 1943, três dias após saltar do Ooold Soljer em pedaços. O Sgt. Balcombe retornou ao trabalho após se recuperar de seus ferimentos em 6 de junho de 1944. Realizou ainda 12 missões de combate completando um tour de 30 missões em 23 de junho de 1944.
Lewis Lyle, agora sem tripulação, foi promovido a Major. Passou o resto da guerra assumindo posições de grande responsabilidade e voou muitas missões como piloto de outras tripulações. Recebeu a Cruz de Serviços Distintos da Aviação em 1943 e quando não estava em vôo liderando as missões de combate, Lyle estava treinando os homens de seu esquadrão para que pudessem realizar suas missões com o menor número possível de erros.[5]
O B-17 Ooold Soljer foi um dos tantos aviões perdidos em situação lamentável durante a II Guerra Mundial. Em uma época de poucos progressos técnicos em comparação com os dias atuais em relação à aeronáutica, os homens que voaram estes aviões durante a guerra foram verdadeiros heróis. A maior parte deles jamais haviam entrado em um avião e grande parte eram homens vindos da zona rural americana. Em poucos meses transformaram-se em aviadores conscientes de seu papel e de sua especificidade: a cada dia reduziam a duração da guerra e a distância de retorno ao lar.
Em 31 de março de 1996 foi erigido em Mears Ashby, na Inglaterra, um memorial aos tripulantes do Ooold Soljer mortos na colisão e aos tripulantes do B-17 Two Beauts. A placa relembra os tripulantes e assinala provavelmente como tenha ocorrido o choque entre os dois aviões. Os aviadores mortos estão enterrados no cemitério americano de Cambridge, na Inglaterra. Lewis Lyle como general reformado visitou os túmulos de seus colegas em junho de 2000. Lewis Lyle faleceu em 6 de abril de 2008 com 92 anos.
[1] http://www.303rdbg.com/missionreports/026.pdf
[2] O’NEILL, Brian D. 303rd Bombardment Group. Osprey, 2003. p. 13
[3] http://www.303rdbg.com/c-360-lyle.html A sigla KIA determina, em inglês, Killed in Action, isto é, morto em ação. A sigla INJ significa Injuried, isto é, ferido e a sigla B/O significa Bailed out, isto é, o aviador saltou de seu avião.
[4] http://www.303rdbg.com/missionreports/027.pdf
[5] O’NEILL, Brian D. 303rd Bombardment Group. Osprey, 2003. p. 37
5 comentários:
Parabens pelo aniversario de 1 ano do blog e por mais um belo texto
:-)
Oi Fernanda! Sobre o comentário que deixaste no meu blog,sobre a pedalada deste sábado, sim, eu vi e estou ajudando na organização. Como chegaste no meu blog? És ligada à causa animal? Um grande abraço! Tiane
SORRIA, O MEMÓRIAS DO FRONT ESTA NA |REDE|BLOGO|
Fernanda... Enviei um e-mail a você em relação ao contato como Segunda Guerra.org
Aguardamos o seu "ok".
Abraços!
Parabéns pelo seu blog.
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