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Memórias do Front: fevereiro 2008

O objetivo deste blog é resgatar, através de artigos, histórias de pessoas que se envolveram no maior conflito da História - A Segunda Guerra Mundial - e que permaneceram anônimas ao longo destes 63 anos. O passo inicial de todo artigo publicado é um item de minha coleção, sobretudo do acervo iconográfico, a qual mantenho em pesquisa e atualização. Os textos originados são inéditos bem como a pesquisa que empreendo sobre cada imagem para elucidar a participação destes indivíduos na Guerra.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Raid sobre Schweinfurt: A saga da tripulação do Ten. Wheeler – PARTE 1

Poderia ser – como provavelmente foi - uma terça feira comum para a maior parte dos ingleses em território britânico. Mas aquela terça-feira, dia 17 de agosto de 1943, ficaria na memória de muitas tripulações de bombardeiros B-17, as Fortalezas Voadoras, sobretudo do 91º Grupo de Bombardeiro, estacionado na Inglaterra em Bassingbourn. Além da memória, este dia entraria para a história.

Formado por 4 esquadrões de bombardeiros B-17, o grupo foi escolhido juntamente com outros 10 grupos de bombardeiro para realizar a missão no. 84 da Força Aérea do Exército americano sobre a Europa. Seu objetivo: o bombardeio de Schweinfurt.

O objetivo desta missão era bombardear dois alvos diferentes no setor industrial da Alemanha: o complexo Schweinfurt que fabricava peças para aeronaves e o complexo de fabricação dos aviões Messerschmitt em Regensburg. Para Regensburg outros 6 grupos de bombardeiros foram escalados, além dos 10 iniciais. Estes alvos faziam parte da política adotada pelo comando aéreo aliado de minar a resistência alemã através do bombardeio estratégico de indústrias e linhas de produção de armas e produtos essenciais ao esforço de guerra do Reich.

A rotina estabelecida às tripulações de bombardeiro em dias de missão era bem conhecida de todos: antes do amanhecer a tripulação era desperta e se dirigia aos alojamentos para o café da manhã. Logo após a tripulação, dividida entre oficiais e soldados não-comissionados, assistia ao briefing, uma reunião com os comandantes e estrategistas do esquadrão onde a missão do dia seria apresentada. Ao término do briefing cada um se dirigia ao briefing próprio: navegadores e bombardeadores se reuniam para calcular a distância do alvo, a velocidade ideal de cruzeiro para a economia do combustível, rotas e aeródromos alternativos em caso de emergência; pilotos e co-pilotos iriam receber instruções específicas; radio-operadores recebiam as freqüências e o sinal que deveriam utilizar; e os artilheiros, indispensáveis para a proteção do avião, também recebiam instruções. A missão era assim planejada com o máximo possível de clareza e esforço.

Nas primeiras horas da manhã os enormes B-17 começam a levantar vôo de seus aeródromos espalhados pela Inglaterra. Ao todo foram lançados 230 B-17 para Schweinfurt e 146 para a fábrica em Regensburg. Entre os aviões despachados para Schweinfurt está o B-17 42-5069 conhecido como “Our Gang”, pertencente ao 324º Esquadrão, 91º Grupo de Bombardeio, 8ª Força Aérea Americana. Este B-17 fora transferido para outro esquadrão do mesmo grupo, o 401º, de forma que a tripulação que ele carregava era a do Ten. Wheeler.

William H. Wheeler recebeu suas insígnias de piloto e sua patente, 1º Tenente, em julho de 1942 quando se graduou como piloto e foi designado para o treinamento avançado em aviões de bombardeiro pesado B-17.[1] O severo treinamento durou aproximadamente 7 meses quando Wheeler é mandado para Inglaterra. O diário de missões do 401º Esquadrão registra que o Ten. Wheeler lá chegou em 26 de abril de 1943 junto com outros oficiais graduados. Em 4 de maio Wheeler voa sua primeira missão como co-piloto de um B-17 final 437 pilotado pelo Ten. Frank que voava sua 10ª missão.[2] Naquele ano as regras da AAF ainda não haviam mudado e cada tripulação voava 25 missões para ganhar a dispensa.

Em sua primeira missão como co-piloto Wheeler provavelmente pôde ver mais de perto como seria sua vida pelos próximos meses. O alvo era o porto de Antuérpia, na Bélgica, dominado pelos alemães desde meados de 1940. Este porto seria fundamental nos planos futuros de invasão da Europa através do Canal da Mancha.

O diário do 401º Esquadrão registra que a artilharia anti-aérea – chamada pelos americanos de FLAK, abreviação do alemão Fliegerabwehrkanone – foi pesada por sobre o alvo, além de registrar a presença de pelo menos 12 caças inimigos na proximidade do alvo.

O FLAK era um dos maiores temores dos aviadores e apenas um dos diversos problemas que a tripulação deveria enfrentar para cumprir sua missão. Durante a II Guerra Mundial a Alemanha empregou cerca de 1 milhão de pessoas nas baterias anti-aéreas além de 50 mil canhões. A maioria destes canhões eram os temíveis 88 que também foram usados em companhias de artilharia e em tanques Tiger. As bombas lançadas por estes canhões tinham espoleta de ação retardada que poderia explodir na altitude de 20 mil pés, normalmente utilizadas pelos bombardeios de longo alcance. Programada para explodir acima ou abaixo dos 20 mil pés, a bomba quando explodia lançava no ar uma chuva de estilhaços de diversos tamanhos que tinham o poder de causar danos à fuselagem dos aviões e até, ao atravessá-las, acertar algum tripulante.

Após o primeiro ataque a Ploesti em março de 1943, a Força Aérea lançou e obrigou todos os tripulantes utilizarem o colete anti-flak – uma pesada chapa de metal revestida de lona. Quando o FLAK era muito intenso uma nuvem negra se formava em torno dos aviões cobrindo até a luz do sol. O inferno poderia durar entre 4 e 10 minutos e a sensação se assemelhava a uma intensa turbulência a qual o avião estivesse atravessando.

Para a sorte de Wheeler, o FLAK de sua missão foi considerado intenso, mas não prejudicial: a missão foi executada pelo esquadrão sem baixas. Naquele dia, Wheeler provavelmente iria participar de sua primeira confraternização com outros oficiais no bar da base, discutindo e ouvindo conselhos de pilotos mais experientes.

Para a missão de Schweinfurt Wheeler já estava bem mais acostumado e experiente. Esta seria sua 24ª missão e após sua execução, Wheeler precisaria apenas de mais uma para ser dispensado. Talvez ele não pensasse nisso para não atrair a má sorte. Mas com certeza o desejo de voltar para casa clamava em seu inconsciente.

Sua tripulação era composta pelo co-piloto 2º Ten. Louis. J. Bianchi, pelo 2º Ten. navegador Joseph. B. Newberry, pelo 1o Ten. Denver E. Woodward, pelo radio operador T/Sgt. James S. Cobb, pelo assistente de rádio T/Sgt. LLoyd H. Thomas, pelo engenheiro de vôo Bayne. P. Scurlock, pelo assistente de engenharia Rayne O. Gillet e pelos artilheiros James. J. McGovern e James. P. McBride. [3]

Inicialmente a tripulação voou desde sua primeira missão o B-17 número de série 42-29816 conhecido como Eager Beaver. Com este avião a tripulação voou 14 missões. A partir de 26 de julho a 12 de agosto o Beaver é afastado, possivelmente para reparos e a tripulação voa em outros B-17 disponíveis. Ele retorna a ação em 15 de agosto, mas não sob o comando de Wheeler.

A foto que ilustra este artigo é da tripulação de Wheeler na frente do B-17 Eager Beaver e foi tirada provavelmente no mês de junho de 1943.[4] Ela nos revela que, até então, o Beaver já havia realizado 9 missões – 8 delas com a tripulação de Wheeler. Infelizmente a foto não enumera os tripulantes, mas sabe-se que os 4 homens em pé são os oficiais – Wheeler é um deles. Nota-se na foto os pára-quedas, indicando que, talvez, ela tenha sido tirada antes da saída para algum exercício.

Em 17 de agosto, o dia do raid sobre Schweinfurt a tripulação de Wheeler estará a bordo do B-17 Our Gang, pertencente inicialmente ao 324º Esquadrão, e excepcionalmente transferido para o 401º Esquadrão. Será neste avião que Wheeler e sua tripulação serão atingidos e forçados a abandoná-lo antes de se chocar contra o chão.


[1] WHEELER, William H. Shootdown: A World War II Bomber Pilot's Experience As a Prisoner of War in Germany. Burd Street Press, 2002.
[2] Relatórios Diários do 401° Esquadrão, ano de 1943, preparados pelo Capitão F.G. Davison, transcritos por Merle Shoffel e disponíveis em http://www.91stbombgroup.com/Dailies/401st1943.
[3] Missing Air Crew Report MACR 281, Publication Number: M1380, National Archives, USA.
[4]National Archives USA - NARA. Cópia na coleção de Fernanda Nascimento. Imagem inédita.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

FIGHTIN BITIN: um esquadrão da 8ª Força Aérea Americana


As operações de bombardeio aéreo da Força Aérea do exército americano durante a Segunda Guerra Mundial se iniciam em agosto de 1942, quando a 8ª Força Aérea, baseada na Inglaterra, lança seus primeiros ataques. Esta data é significativa por indicar dois fatores: primeiro, é somente após 7 de dezembro de 1941, com Pearl Harbor, que os EUA se engajam de forma oficial na guerra que assolava a Europa desde 1939; segundo, oferece outro panorama: de que as forças americanas não estavam totalmente preparadas para uma guerra de tal magnitude.

A 8ª Força Aérea começa a ser organizada em 19 de janeiro de 1942, no estado americano da Geórgia. No entanto, é apenas em maio do mesmo ano que os primeiros homens do staff da Oitava chegam a Europa. Daí em diante, até o final da guerra, a Oitava receberá quase que diariamente novas tripulações, aviões, equipamento e pessoal de terra.

Símbolo da 8a Força Aérea Americana. Patch.

O engajamento foi tão grande que até o final da guerra – 3 anos após a chegada do Staff na Inglaterra – cerca de 350 mil homens serviram na Oitava Força Aérea. Entre eles, os homens presentes na foto ao lado, tendo um avião B-17 em suas costas. A placa que os soldados seguram indicam o esquadrão de bombardeio ao qual estavam ligados. Na imagem existem 84 homens, todos soldados não comissionados, totalizando aproximadamente 14 tripulações de B-17.


Cada B-17, conhecido também como Fortaleza Voadora, levava uma tripulação de 10 homens com funções específicas. Destes, 4 eram oficiais responsáveis pelo comando do avião, navegação e a precisão de bombardeio. O restante da tripulação – não menos importante – era responsável pela comunicação, mecânica em vôo e artilharia. As missões da Oitava através dos B-17 ficaram famosas pelo filme Memphis Belle. O Belle foi o primeiro avião da Oitava a completar as 25 missões necessárias para a dispensa honrosa da tripulação ou seu deslocamento para outras atividades longe do front. A façanha do Belle, contudo, não pôde ser seguida por muitas outras tripulações.

A Força Aérea americana entrou na guerra com um objetivo específico: vencê-la através do ar ou, na pior das hipóteses, contribuir o máximo para a destruição do poder de guerra alemão. Para tanto, elaborou o conceito do “bombardeio estratégico” que consistia no assentamento de objetivos específicos de bombardeio por toda a Europa que incluíam armazéns, fábricas, usinas, pátios ferroviários e linhas de trem e abrigos de submarinos. Além disso, os esquadrões de bombardeio, quando preciso, davam apoio antes e depois às operações da infantaria no continente europeu.

Para alcançar este objetivo decidiu-se que o melhor horário para efetuar os bombardeios seria durante o dia. Desta forma existia uma bizarra combinação: enquanto as Fortalezas Voadoras e os Liberators da Oitava Força Aérea bombardeavam alvos estratégicos durante o dia, os bombardeios da Real Força Aérea britânica – RAF – efetuavam suas missões de bombardeio durante a noite. Assim, o esforço de guerra alemão era bombardeado dia e noite, literalmente.

Todavia, os bombardeios diurnos causaram, durante os anos de 1942 e 1943, um assombroso panorama para os yankees: as instalações fabris da Alemanha fortemente defendidas pela artilharia anti –aérea, notadamente os temíveis canhões 88, dizimaram as tripulações que levavam a guerra ao quintal de Hitler. Mais da metade das tripulações não chegaram a completar metade das 25 missões exigidas. E mais: em média 4% da força total de bombardeio era perdida em ação ou morta em cada missão.

Mas estes dados, apavorantes por certo, poderiam até servir de motores à motivação dos jovens que, apesar de todas as dificuldades, se alistavam na Força Aérea durante a II Guerra Mundial.
Na imagem, "FIGHTIN BITIN" é o nome do 369° Esquadrão de Bombardeiro que fazia parte do 306° Grupo de Bombardeiro, 8ª Força Aérea Americana, estacionado em Thurleigh, Inglaterra. Tanto o nome quanto o emblema do grupo surgiram em homenagem ao B-17 comandado pelo 1° Tenente Donald R. Winters que foi abatido em 29 de julho de 1943 em um ataque a Kiel. A tripulação do Ten. Winters foi uma das quatro perdas do esquadrão naquela ocasião.

Símbolo adotodado pelo 369° Esquadrão

O 306° grupo de bombardeiro foi ativado em 1° de março de 1942 em Idaho, designado para ser um grupo de bombardeio pesado possuindo assim 4 esquadrões de bombardeio e operando com aviões B-17. Um grupo de bombardeiro normalmente consistia em 4 ou 6 esquadrões com seis aviões bombardeiros cada um.

O grupo foi movido para a Inglaterra em agosto-setembro de 1942 e entra em combate em outubro do mesmo ano. Sua primeira missão foi um ataque à Alemanha. Daí em diante, até abril de 1945 o grupo bombardeou variados alvos militares na Europa incluindo rotas ferroviárias, bases de submarinos na costa da França e o setor industrial da Alemanha; participou dos intensivos bombardeios em preparação ao Dia D, cobriu a invasão aerotransportada da Holanda em setembro de 1944 e atacou o avanço alemão durante a batalha das Ardennas em dezembro de 1944. Realizou, portanto, 342 missões e teve 171 aviões perdidos em ação.

A foto nos revela, portanto, os rostos de alguns destes tripulantes recém chegados à Inglaterra. Sem identificação ou data, podemos apenas supor que ela foi tirada após julho de 1943.[1] De qualquer forma, os rostos alegres que vemos na imagem refletem a alegria da juventude no auge de todo seu idealismo, cada um esperando que seja a sua bomba que traga a vitória na guerra e o leve de volta para casa.

[1] Foto do arquivo pessoal de Fernanda Nascimento. Imagem Inédita.



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

SKY TRAMP: um bombardeiro pesado no Pacífico.



Em setembro de 1944 a tripulação do Tenente Spivey defronte de seu bombardeiro B24 J, conhecido como “Sky Tramp” e estacionado em Nova Guiné, tira uma foto. O estilo da foto é clássico para o período da guerra: praticamente todas as tripulações de bombardeio foram fotografadas desta forma por seus companheiros. Os oficiais são reconhecidos por estarem de pé, atrás dos soldados não-comissionados. Estes, sentados ou agachados, sorriem para a foto ou escondem suas faces por trás de bonés ou quepes. Todos formam a tripulação de dez homens que mantém o gigantesco e desengonçado B-24 no céu.

Estes homens possuem um elo em comum: muitos deles se solidarizaram diante da pátria e, após o acontecimento de dezembro de 1941, quando japoneses atacam a base americana de Pearl Harbor, imediatamente se ofereceram como voluntários para lutar contra as forças de Hirohito e Hitler.

Antes de Pearl Harbor – e nos meses subseqüentes – a capacidade militar americana não chegava aos pés de seus oponentes. A Força Aérea não era uma arma independente, fazendo parte do Exército e sendo designada como Força Aérea do Exército – AAF - a partir de 1942. Esta arma possuía apenas 1.257 aviões de combate e 26 mil homens em 1941. O dado, alarmante por certo, impulsionou a criação de uma grande organização educacional para dar conta da necessidade de efetivos que a guerra – agora mundial – exigia.

Os interessados em ingressar no corpo aéreo alistavam-se como soldados rasos nos quartéis próximos de sua região. Passados cerca de 30 dias, após aprenderem os rudimentos da vida militar, estes homens eram transferidos para centenas de universidades em toda a América para passarem por um período de 5 meses de testes e treinamentos em terra. Foi desta forma que o piloto do Sky Tramp, Tenente Spivey, seu co-piloto Bill Blair e os outros homens da tripulação se engajaram no que foi uma das maiores guerras do século XX.

Mas isto não era só: para formarem-se pilotos, navegadores, mecânicos de vôo, radio-operadores era necessário muito mais tempo de treinamento. E isto se refletiu no encaminhar da guerra. O treinamento do qual o Ten. Spivey participou em seus meses ainda nos EUA foi o mais forte e completo oferecido pelas Forças Armadas americanas. Na primeira etapa mais de 50% dos homens candidatos a piloto eram inabilitados. A estatística esperava que cerca de 40% dos restantes completassem as demais etapas e se transformassem em pilotos e co-pilotos capazes de trabalhar submetidos as pressões da guerra e cientes dos alto índice de baixas na AAF. Para se ter uma idéia, dos 317 mil homens que iniciaram o treinamento para piloto e co-piloto durante a Segunda Guerra, apenas 194 mil completaram todo o curso e foram admitidos como pilotos. Este treinamento durava cerca de um ano, até que todos os integrantes, como equipe, fossem designados ao front e transferidos para a zona de batalha.

A tripulação do Ten. Spivey estava ligada ao 72° Esquadrão que, junto de outros três esquadrões, formava o 5° Grupo de Bombardeiro Pesado (Heavy) que fazia parte da 13ª Força Aérea. Este grupo, criado em 1919, teve sua primeira base no Hawaii, responsável por observação e bombardeiro médio. A partir de 1941, o grupo transforma-se em grupo de bombardeiro pesado (Heavy) equipado com aviões B-17 e B-18, recebendo os gigantescos B-24 a partir de 1942. Neste estágio o grupo abandona o Hawaii e ganha bases nas ilhas do Pacífico já dominadas pelas forças aliadas. Sua principal missão é oferecer apoio aos planos de invasão do arquipélago das Ilhas Salomão que comporta a famosa ilha de Guadalcanal. Voando longas missões de patrulha e reconhecimento fotográfico, além de bombardeio, através das ilhas Salomão e Mar Coral, o grupo continuou atacando posições japonesas em Guadalcanal e no norte das ilhas Salomão até 1943.

Nose Art do B24J Sky Tramp

Em seguida, atingiu bases e instalações inimigas em Bougainville, Nova Inglaterra e Nova Irlanda. Entre Abril e maio de 1944 o grupo é responsável pelo ataque sobre Woleai, base japonesa fortemente defendida, ganhando uma Citação Presidencial pela ação. Dando prosseguimento as ações de invasão as ilhas do Pacífico, são neutralizadas bases em Yap e nas ilhas Palau. Em 30 de setembro de 1944 a unidade ganha outra Citação Presidencial pela ação em uma fábrica de óleo em Balikpapan, Borneo.

Quando a foto foi tirada, em setembro de 1944, a guerra no Pacífico para os aliados era uma sucessão de vitórias.[1] O ano de 1944 simbolizou a luta em busca da chegada ao solo japonês, operação complicada que só poderia ser feita tomando-se cada arquipélago e as ilhas que dele faziam parte, sejam grandes ou pequenas. A cada ilha tomada, os americanos poderiam estabelecer novas bases de bombardeios que estariam cada vez mais próximos de Tóquio.

Mas a vitória cobrava alto seu preço: as baixas, dia após dia, aumentavam, sobretudo nas grandes batalhas. Apenas para a conquista das Marianas as tropas terrestres americanas tiveram cerca de 30% de mortos da força atacante total e um número similar de feridos. Mas, para atingir o seu objetivo – acabar com as forças japonesas obrigando-as a rendição – os americanos ainda teriam muitas baixas até a guerra se encerrar, em agosto de 1945 no Pacífico.

A foto nos revela ainda que, em setembro de 1944, o B24 J Sky Tramp já havia realizado 40 missões de combate, e pelo menos 16 missões de reconhecimento.

O esquadrão onde o Sky Tramp serviu até o final da guerra completou uma variedade de missões de outubro de 1944 até o final da guerra. Compreendendo bombardeios nas ilhas de Luzon, Ceram, Halmahera, e Formosa, o grupo também deu cobertura as forças de terra na invasão das Filipinas e Borneu.

A tripulação do Ten. Spivey sobreviveu a estas ações e hoje o co-piloto do B-24 Sky Tramp é presidente da Associação do 72° Esquadrão de Bombardeiro, em Pasadena, Califórnia. A foto que gerou esta pequena história é autografada por este veterano de guerra.

Ficha Técnica

Avião: B-24-J
Número serial: 42-73143
Nome: Sky Tramp
AAF: 13ª
Esquadrão: 72° de Bombardeiro pesado (Heavy)
Grupo: 5° Grupo de Bombardeiro.
Na foto, fileira acima, da esquerda para a direita:
Ten. Terry Spivey, piloto
Ten. Barry Blair, Co-piloto
Ten. Stam Palmer, navegador
Ten. Tom Golenia, bombardeador.

Fileira abaixo, da esquerda para a direita:
Doug Myers, artilheiro
Larry Flood, operador de rádio
John Sharkey, artilheiro de cauda.
Bob Laglois, engenheiro de vôo, artilheiro central
Carl Fraley, artilheiro central
Bob Latham, artilheiro do nariz.

[1] Foto do arquivo pessoal de Fernanda Nascimento. Imagem Inédita.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Bem - Vindos!

Sejam todos bem vindos as Memórias do Front. O objetivo desse blog é resgatar, através de artigos, histórias de pessoas que se envolveram no maior conflito da História - A Segunda Guerra Mundial - e que permaneceram anônimas ao longo destes 63 anos para o mundo. O passo inicial de todo artigo aqui publicado é um item de minha coleção, sobretudo do acervo iconográfico, o qual mantenho em constante pesquisa e atualização. Cada imagem aqui explorada é original e pertence ao meu acervo pessoal.

Minha maior paixão nesta pesquisa paralela que conduzo são os homens que pilotaram e participaram dos embates aéreos durante o conflito, sobretudo as tripulações de aviões bombardeios. Eventualmente tratarei de expor outras imagens que fujam deste contexto inicial e também explorarei parte do acervo material que possuo.

Convido a todos vocês iniciarem esta jornada pelas memórias por mim construídas de pessoas que deram seu sangue para o mundo através dos pequenos e, às vezes, anônimos registros que deixaram em sua passagem pelo Globo terrestre.

Enjoy!