O engajamento foi tão grande que até o final da guerra – 3 anos após a chegada do Staff na Inglaterra – cerca de 350 mil homens serviram na Oitava Força Aérea. Entre eles, os homens presentes na foto ao lado, tendo um avião B-17 em suas costas. A placa que os soldados seguram indicam o esquadrão de bombardeio ao qual estavam ligados. Na imagem existem 84 homens, todos soldados não comissionados, totalizando aproximadamente 14 tripulações de B-17.
A 8ª Força Aérea começa a ser organizada em 19 de janeiro de 1942, no estado americano da Geórgia. No entanto, é apenas em maio do mesmo ano que os primeiros homens do staff da Oitava chegam a Europa. Daí em diante, até o final da guerra, a Oitava receberá quase que diariamente novas tripulações, aviões, equipamento e pessoal de terra.
Cada B-17, conhecido também como Fortaleza Voadora, levava uma tripulação de 10 homens com funções específicas. Destes, 4 eram oficiais responsáveis pelo comando do avião, navegação e a precisão de bombardeio. O restante da tripulação – não menos importante – era responsável pela comunicação, mecânica em vôo e artilharia. As missões da Oitava através dos B-17 ficaram famosas pelo filme Memphis Belle. O Belle foi o primeiro avião da Oitava a completar as 25 missões necessárias para a dispensa honrosa da tripulação ou seu deslocamento para outras atividades longe do front. A façanha do Belle, contudo, não pôde ser seguida por muitas outras tripulações.
A Força Aérea americana entrou na guerra com um objetivo específico: vencê-la através do ar ou, na pior das hipóteses, contribuir o máximo para a destruição do poder de guerra alemão. Para tanto, elaborou o conceito do “bombardeio estratégico” que consistia no assentamento de objetivos específicos de bombardeio por toda a Europa que incluíam armazéns, fábricas, usinas, pátios ferroviários e linhas de trem e abrigos de submarinos. Além disso, os esquadrões de bombardeio, quando preciso, davam apoio antes e depois às operações da infantaria no continente europeu.
Para alcançar este objetivo decidiu-se que o melhor horário para efetuar os bombardeios seria durante o dia. Desta forma existia uma bizarra combinação: enquanto as Fortalezas Voadoras e os Liberators da Oitava Força Aérea bombardeavam alvos estratégicos durante o dia, os bombardeios da Real Força Aérea britânica – RAF – efetuavam suas missões de bombardeio durante a noite. Assim, o esforço de guerra alemão era bombardeado dia e noite, literalmente.
Todavia, os bombardeios diurnos causaram, durante os anos de 1942 e 1943, um assombroso panorama para os yankees: as instalações fabris da Alemanha fortemente defendidas pela artilharia anti –aérea, notadamente os temíveis canhões 88, dizimaram as tripulações que levavam a guerra ao quintal de Hitler. Mais da metade das tripulações não chegaram a completar metade das 25 missões exigidas. E mais: em média 4% da força total de bombardeio era perdida em ação ou morta em cada missão.
Mas estes dados, apavorantes por certo, poderiam até servir de motores à motivação dos jovens que, apesar de todas as dificuldades, se alistavam na Força Aérea durante a II Guerra Mundial.
O 306° grupo de bombardeiro foi ativado em 1° de março de 1942 em Idaho, designado para ser um grupo de bombardeio pesado possuindo assim 4 esquadrões de bombardeio e operando com aviões B-17. Um grupo de bombardeiro normalmente consistia em 4 ou 6 esquadrões com seis aviões bombardeiros cada um.
O grupo foi movido para a Inglaterra em agosto-setembro de 1942 e entra em combate em outubro do mesmo ano. Sua primeira missão foi um ataque à Alemanha. Daí em diante, até abril de 1945 o grupo bombardeou variados alvos militares na Europa incluindo rotas ferroviárias, bases de submarinos na costa da França e o setor industrial da Alemanha; participou dos intensivos bombardeios em preparação ao Dia D, cobriu a invasão aerotransportada da Holanda em setembro de 1944 e atacou o avanço alemão durante a batalha das Ardennas em dezembro de 1944. Realizou, portanto, 342 missões e teve 171 aviões perdidos em ação.
A foto nos revela, portanto, os rostos de alguns destes tripulantes recém chegados à Inglaterra. Sem identificação ou data, podemos apenas supor que ela foi tirada após julho de 1943.[1] De qualquer forma, os rostos alegres que vemos na imagem refletem a alegria da juventude no auge de todo seu idealismo, cada um esperando que seja a sua bomba que traga a vitória na guerra e o leve de volta para casa.
[1] Foto do arquivo pessoal de Fernanda Nascimento. Imagem Inédita.
10 comentários:
Meu nome é Hugo, tenho 50 anos, sou contador em São Paulo. Apaixonado pelo tema tenho uma ampla coleção de livros. Entre ele a coleção "Historia Ilustrada da Segunda Guerra Mundial" publicada pela Renner nos idos de 1974. São mais de 150 volumes. Como diz o titulo, toda ilustrada. Mais de 10 anos garimpando sebos em sampa. Caso precise de algo para algum post, me avise que scaneio para voce. Só precisa indicar o tema. Contacte tambem por hugo@galtec.com.br.
Abs e Bjs
Hugo
PS: Comentei o mesmo no Sky Tramp.
Muito obrigada Hugo! Com certeza precisarei de alguma coisa. Em breve esterei escrevendo um artigo sob Ploesti. Tenho alguns volumes da Rennes, mas não todos ainda.
Minha cara:
Muito bom seu blog, possuo um também destinado a Revolução de 1930 no Norte do Paraná. Ocorreu em 12 e 13 de outubro de 1930, na localidade de Quatiguá-Pr um combate envolvendo paulistas defendendo a legalidade e gauchos revolucionários. Possuo um exemplar da Revista do Globo Especial da Revolução de 1930, com muito texto e imagens. Vc possui algum material sobre esse combate ou maiores informações a respeito??
Por favor responda em meu e-mail bondarik@utfpr.edu.br sou professor da Universidade Tecnologica Federal do Paraná.
O Blog em questão é esse: http://robertobondarik.blogspot.com/
aguardo seu contato.
Muito bom post! Mais uma vez passo por aqui! :-) parabens.
Bom tema e boa redação. Só não entendi um ponto: quando você cita que ocorria em média 4% de perdas a cada missão, são 4% de qual total especificamente?
Obrigado
Fabio: Grata pelo seu comentário. Quando afirmo que 4% é a média de perda por missão, me refiro a 4% do número total de aviões bombardeio por missão. Cada grupo, entre 20 e 30 aviões, perdia em média assim 1 ou 2 aviões. Claro, esse numero poderia ser para mais ou para menos, depende do ano que considerarmos e dos alvos. Bombardear a Alemanha era seguramente mais perigoso do que a França, por exemplo. Espero ter conseguido sanar sua dúvida. UM abraço!
Fernada tenho uma ediçaõ inteira sobra Ploesti. Já fiquei curioso para saber o que voce vai mostrar. Aceitas criticas e acrescimos?
Bjs
Hugo
Hugo! Claro que aceito idéias! Entre em contato pelo e-mail fernandaisrael@gmail.com
Um abraço,
Fernanda
Parabens excelente blog.
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